domingo, 19 de setembro de 2010

A magia do regresso às aulas - ou alguns dos males da sociedade de informação.

Estamos em Setembro. Começam as primeiras chuvas, a temperatura começa a descer. A humidade faz de mim uma pessoa bem menos confortável e mal disposta. Começa o novo ciclo de aulas, de pequenada a fazer barulho nas escolas, correrias, etc.

Bons velhos tempos esses, em que íamos para escola com as mochilas novas a transbordar de tudo o que é material fresquinho e com saudades dos nossos colegas que já não víamos desde o início das férias. Não haviam telemóveis com as suas sms ou chamadas grátis, nem internet com chats e redes sociais. E não era por isso que não vivíamos menos intensamente as nossas amizades. Aliás, a maior parte do tempo era passado a trocar experiências que tivéramos, relatando o que se passara enquanto estivemos separados. Descrever um filme que se viu, ou uma cena mais cómica, era um momento muito estranho. Queríamos transmitir o porquê da piada que lhe achámos, mas sentíamos que não estávamos a fazer justiça ao original. E com razões para isso..

Este tipo de coisas não fazem sentido hoje. As pessoas passam tanto tempo em contacto umas com as outras que o mais fácil é estarem saturadas, a magia do reencontro perdeu-se. Talvez isto se tenha repercutido na forma como nos relacionamos com as pessoas que não estão constantemente nas redes sociais, nos chats ou a abusar dos teclados - sejam virtuais ou não - do telemóvel. São seres desconectados da realidade, que não sabem das últimas novidades da aldeia global mediatizada, e que ainda sabem falar de coisas que realmente são interessantes.

Essas pessoas talvez não estejam assim tão mal de ideias, às vezes é tanto o ruído e o lixo que se propaga nas redes sociais que uma pessoa passa tanto tempo da vida a apreciar coisas banais, em vez de se dedicar ao que realmente interessa. Afinal, se gostamos das redes sociais e dos chats, é porque gostamos de partilhar e sentir coisas com outras pessoas. E é isso que devemos fazer mais vezes. Tudo bem, as redes sociais ajudam a que se tenha tema de conversa no café ou na galhofa que se faz ao vivo e a cores. Mas o importante é ter temas de conversa menos etéreos que aquele video da senhora que - enquanto mostrava o decote a uma webcam - leva com o um pesado móvel na tola... Sim, porque ainda existem coisas melhores que isso!