Pior que sermos reféns dos nosso actos irreflectidos é serem os outros a pagar caro por estes, são penalizados sem que para isso tenham feito algum mal. E penalizamos sempre aqueles de quem mais gostamos quando tomamos atitudes irreflectidas. O que só pode custar mais a engolir.
Se expiação houvesse para tal crime, pelo que infligimos nos outros, seria a de ficarmos encerrados num inferno de auto-comiseração e de lamento. Custa saber que o que fizemos de mal não pode ser desfeito, mas tal é a condição de um adulto responsável. Nestes momentos de pânico e constatação do mal provocado, de nada vale a bondade de coração, ou o vão desejo de querer remediar o que foi feito ou proferido. A palavra dita e a acção tomada são como pedras que voam rumo ao alvo. Por mais que tentemos as desviar da sua rota dolorosa, acabam por embater no sítio mais frágil e provocar dano.