sábado, 8 de março de 2014

Mas amanhã não será véspera desse dia.

Gostaria de um dia poder falar normalmente contigo. De conviver na perfeita ignorância de quem se está a conhecer. Mas amanhã não será véspera desse dia.

Gostaria de poder olhar para ti e não me sentir mal. De não ter que afastar o olhar, ou fazer de conta que não ouvi o teu nome. Mas amanhã não será véspera desse dia.

Gostaria de poder ler algo teu, contemplar uma foto ti ou mencionaste sem que isso me custe. Mas amanhã não será véspera desse dia.

Dizem que o tempo tudo cura, mas não sei se há tempo suficiente na minha vida para te poder olhar, ouvir ou sentir sem que algo em mim grite a plenos pulmões.
Gostaria de poder dizer que tudo está bem. De te poder fazer sentir que não tens influência sobre os meus pensamentos e o meu sentir. Mas amanhã não será véspera desse dia.

Gostaria de conseguir agir normalmente, completamente alheio às feridas que ainda mal começaram a cicatrizar. Gostaria de me perdoar por ter te amado tanto. Por me ter ferido tanto. Por te ter deixado algures num momento que passou e que nos seguintes já eras outra pessoa. Mas amanhã não será véspera desse dia.

domingo, 19 de janeiro de 2014

divagações de um coração dorido

logo quando estava a me sentir melhor, tinha que voltar! penetrante, atordoante. custa a respirar. tolda a visão. que estúpido, não devia acontecer novamente! pensei que já tinha tudo passado. afinal volta, subrepticiamente sem que dê por ela.

a dor é romba e espalha-se. impede-me de voltar a pensar. como um mergulho que demora demasiado e com agulhas que começam esfaquear os pulmões. pesa sobre o peito, dói. é como se estivesse submerso nas coisas coisas que passaram e que esqueci. mas não esqueci!

 tanta coisa que preferia me lembrar, e é isto que ficou gravado no inconsciente.
o melhor é continuar a fazer de conta que já passou. é isso, ignora... faz de conta que não sentes.

é forte de mais para enfrentar de frente. curioso, de tantas coisas fortes que se canta e escreve, nunca julguei que esta fosse das mais potentes. a dor que só se sente sem ferir o corpo. só fere a alma. grito por dentro e calo por fora. é isto que sentem os loucos? que sem pudor partilham o seu desconforto. será?

foda-se esta merda toda.